Crise na programação televisiva

Tem coisa melhor do que um domingo de sol? Mesmo que acordemos ao meio-dia (risos)...

Mais uma semana começando, e junto com ela, teremos (de novo), o martírio de ver e ouvir as notícias do Reality Show da Tv Globo. Trago um texto que fala sobre isso, uma inquietação minha, que quero compartilhar!

Abraços...

Vivemos tempos de crise. Crise econômica e financeira, crise ambiental, crise na política e na saúde. No entanto, existe uma crise anterior a tais crises, a crise ética e moral. A crise de valores que se evidencia cada vez mais na programação televisiva brasileira, uma crise que na sua vontade desenfreada por lucros, muitas vezes perde a noção e começa, por exemplo, a tratar participantes de reality shows como heróis e/ou mártires.

“Salve! Salve! Vamos falar com nossos heróis da casa mais vigiada do país!” Essa é a infeliz saudação feita pelo renomado e culto apresentador Pedro Bial aos participantes do Big Brother Brasil. Fico a me perguntar: Qual será sua definição de herói?

Homens e mulheres confinados numa mesma casa por vários dias? Com festas, boa comida, boas atrações? Casais fazendo sabe-se lá o quê, embaixo do edredom? Para ser herói é preciso possuir uma capacidade especial, fora do comum. Heróis são aqueles que resgatam valores essenciais aos seres humanos, valores que vem antes do consumismo, da futilidade e dos excessos.

Heróis são aqueles que pensam não somente em si, mas no outro, que podem estar longe ou perto. Heróis são aqueles que plantam sonhos e colhem realizações. Heróis são aqueles que, mesmo depois de um dia de trabalho, param para olhar a lição dos filhos. Heróis são professores, muitas vezes tão pouco valorizados, tão pouco reconhecidos, que doam seus dons por acreditarem num país melhor. Heróis são as crianças que caminham quilômetros para chegar à escola, que não desistem dos estudos, mesmo com o crescimento da marginalidade. Heróis são as mães-pais, que trabalham sozinhas para educar os quatro filhos.

Salve! Salve! Pode espiar a vontade!

Como se torna insignificante a vida, quando passamos a dar valor a tanta futilidade e ignorância. É incalculável o tamanho do estrago na vida de nossa população, com a programação que a televisão nos apresenta todos os dias. Programas sangrentos bem na hora do almoço de nossas crianças. Jovens se drogando e engravidando na nossa frente em plena tarde. Vivemos momentos de crise, mas como toda e qualquer crise, pode ser destrutiva ou criativa, depende de nossas ações. Resgatar valores esquecidos, adotar uma nova postura, ter um novo olhar, promover a cidadania. Cabe a nós escolher o futuro que vamos ter.

Nadja Nascimento