UMA QUESTÃO DE TEMPO

Certa vez, recebi uma proposta para escrever mais um artigo para o então Jornal Tribuna Popular, de imediato me veio à mente se eu teria tempo. Quase sempre damos uma resposta quase automática: "Não, eu não tenho tempo!" Mas, tenho sim: temos 365 dias por ano, 24 horas todos os dias. Somam-se então 8.760 horas. Uma questão não saí da minha cabeça: o que estamos fazendo com o nosso tempo? Temos que enumerar uma lista: temos momentos bons e outros nem tanto. Temos o tempo perdido, o de dormir e o de despertar. E o melhor tempo de todos, o tempo livre, de compensar o trabalho estressante. Mas porque sempre ficamos com a impressão de que não temos tempo para nada que realmente importe?   
Estamos vivendo o pior dos tempos, que é aquele em que nosso tempo se torna enorme e não temos o que fazer, em que se está sozinho mesmo sem querer. Isso nos faz refletir em todos os telefonemas que não fizemos, de todos os amigos que não chamamos para junto de nós, das pessoas das quais esquecemos a data de aniversário, dos parentes que se foram sem que antes nós os visitássemos, os convites que não aceitamos, só porque não tínhamos tempo.
Como dizia Renato Russo "O mal do século é a solidão". Pessoas se iludem e frequentemente encontramos grandes grupos que vivenciam uma verdadeira solidão grupal. Observo homens e mulheres, muitas vezes jovens que chegam se divertem e saem sempre sozinhos, não buscam mais se envolver. Temos a falsa impressão de estarmos felizes, em pleno século 21, tão bombardeados pela tecnologia e tão vazios de sentimentos sinceros.
Precisamos prometer a nós mesmos que num futuro bem próximo estaremos usando o nosso tempo para fazer a melhor coisa da vida: fazer de tudo para ser e fazer feliz!